quinta-feira, 19 de abril de 2007

Mauro Pagani – Domani

O melhor disco do ano. Essa é uma frase muito arriscada e nem gosto de usa-la, mas o álbum DOMANI do italiano MAURO PAGANI bem que merecia ganhar o premio (se houvesse). Conheci PAGANI nos anos 70 quando ele tocava com a banda PREMIATA FORNERIA MARCONI (com show marcado para Julho no Brasil) como flautista, violinista e letrista. Talvez a mais importantes bandas progressivas italianas, PFM era conhecida pelos grandes momentos de lirismo e o virtuosismo de seus integrantes. Quando saiu do grupo, fez muita falta, mas havia uma carreira solo e outros interesses, como trilhas para diversos filmes italianos. Em seu primeiro disco solo, PAGANI (o disco e o músico) flertava com a música de outras regiões, algo que só muitos anos depois seria conhecido como WORLD MUSIC. DOMANI é uma pequena jóia, pois traz todas as influencias de PAGANI, integradas e amadurecidas. Há um pouco de tudo, sem a menor perda de unidade e com a feliz capacidade de soar incrivelmente novo. Esqueça as tradicionais músicas italianas, os estereótipos dos risonhos e gordos cantores e dos pratos de macarrão. PAGANI traz suas influencias do Mediterrâneo e das diferentes culturas que o compartilham. O instrumental é enxuto e bastante variado: quarteto de cordas, guitarras, flautas, sintetizadores, batidas eletrônicas e percussão alternam-se com maestria. As músicas variam de tristes baladas a sutis arranjos eletrônicos. Tudo com tanto bom gosto, tanta precisão, como há muito não encontro no tanto que ouço. Acompanho a carreira de MAURO PAGANI, desde sua saída do PFM, com alguma dificuldade, pois seus discos não são fáceis de serem encontrados. Todo amigo que viaja para Europa acaba incumbido de me trazer algum disco e foi assim que DOMANI chegou às minhas mãos. Esse é um daqueles discos que se ouve à exaustão. São muitos detalhes em cada música. A voz de PAGANI está mais rouca e mais dramática (nada de dramaticidade operística). Inicialmente senti falta do seu violino, mas ao longo de várias audições, o disco cresce tanto que não se nota sua ausência. Cada música encerra um pequeno universo e fica muito difícil destacar uma em detrimento de outra. Trata-se de um álbum pra ouvir muitas e muitas vezes, de preferência com um bom vinho italiano. Com DOMANI, PAGANI mostrou definitivamente que é um dos grandes artistas – infelizmente - quase desconhecidos que povoam nosso planeta.

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