terça-feira, 15 de setembro de 2009

Philippe Saisse (Valerian)

Eu prometi que iria escrever sobre esse disco, mas as coisas vão se enrolando e eu acabo deixando o blog meio de lado, mas vou tentar me corrigir, mesmo que não aprofunde muito no disco em si, o que importa é chamar a atenção para este tecladista frances há muitos anos vivendo nos EUA. Senhoras e senhores, com vocês Philippe Saisse. Como muita coisa pode ser lida no próprio site dele, vou direto ao ponto.

Em 1974 meu amigo Kallas me apresentou uma banda de jazz-rock (ou fusion, como queiram) chamada Return To Forever. Era a terceira encarnação da banda do tecladista Chick Corea sempre acompanhado do baixista Stanley Clarke, agora acompanhados pela bateria de Lenny White e a guitarra de Al Di Meola. Foi amor à primeira vista e tratei de ouvir tudo deles pra frente e pra trás, em grupo e em solo. Foi aí que descobri que o tecladista dos shows de Di Meola era essa tal de Saisse. Só fui ouvi-lo de verdade em Slendido Hotel, quando Di Meola gravou algumas faixas só com a banda de shows. Achei bacana, mas o que me marcou foi quando encontrei na finada loja Gramophone no centro do Rio, esse album aí de cima.

Era época dos LPs e como os atuais CDs, vinham lacrados. A diferença (ENORME) é que não se tinha a menor idéia do que se iria encontrar dentro do disco. Não havia Internet e a divulgação era no boca-a-boca, quando as bocas sabiam do que se tratava, o que não era o caso desse artista, um ilustre desconhecido para a maioria.

Comprei o LP e quando cheguei em casa, fiquei pasmo. Era bom gosto puro. Apesar de ser um disco do selo Windham Hill, não era (felizmente) um disco de new-age. Era apenas música, e das boas. Um piano sutil, discreto (e como disse) elegante, sintetizadores e um ou outro convidado, mas com um detalhe que me chamou a atenção: era gravado ao vivo. Eu ouvia e tentava entender. Como ao vivo? Tinha synth e piano ao mesmo tempo e Saisse era apenas um ser humano. Só que um ser humano acompanhado por um computador (ou vice versa).

Nesse momento eu tive o grande estalo, ou insight, como prefeririam os mais sofisticados. Era isso o que eu queria fazer, gravar um disco ao vivo com sequenciadores, um programa que permitia, de forma primitiva compadrando com hoje, gravar previamente certas partes e depois tocar junto enquanto gravava a matriz. Segui a idéia de Saisse e gravei Angel's Dream seguindo a idéia dele. Deu um trabalho medonho, porque não coloquei nenhuma edição nas partes de guitarra, que foram gravadas de uma vez só, sem picotes, recortes ou pausas. O resultado ficou aquém de Valerian, que é um disco que mantém-se atual 20 anos depois, mas era meu disco e feito do jeito que eu queria.

Mês passado encontrei com Saisse por aqui e contei sobre como a música dele havia me influenciado. Gentilmente ele aceitou ouvir o "filho" de Valerian. Como você que lê esse blog já ouviu com certeza Angel's Dream, eu o convido a ouvir Valerian. Só há um pequeno problema, na Amazon (EUA) o disco está pela bagatela de US$55 (sabe-se lá porque). Recomendo então uma busca na Amazon UK, onde ele pode ser encontrado por E10 (onde está o ímbolo do Euro?). Talvez algum site como CD Universe ou lojas de discos usados tenham uma cópia dele. Meu conselho é: agarre-a.

Só pra fechar: Saisse tocou com tanta gente (de Bowie a B52) que a lista ficaria grande e desinteressante, mas vale dar uma olhada no site dele (naquele link ali de cima) pra ver a importancia dele na música.

Bem, quebrado o jejum de escrita, espero retornar logo.
Forte Abraço

terça-feira, 17 de março de 2009

Keith Emerson Band

(destacando Marc Bonilla)

Eu tentei escapar de colocar outro disco do Keith Emerson na seqüência, mas apesar das minhas promessas, não consegui tempo pra colocar outras coisas interessantes que ando ouvindo, mas o maior motivo é que o KEITH EMERSON lançou um disco novo. Finalmente, depois de alguns anos tocando ao vivo com a KE Band – nome pouco original – ele lança um disco de estúdio. Mas o negócio é que o disco é bom demais. Esse disco é a prova irrefutável de que o grupo Emerson, Lake & Palmer é muito e somente Emerson. Legal, Lake tinha um vozeirão e o Palmer toca como poucos, mas o som, aquela coisa toda é dele. É, porque ainda está nesse senhor de sessenta e poucos anos de idade o vigor do velho e bom rock’n roll.

Os primeiros segundos da primeira faixa mostram que o Mr Emerson não está pra brincadeira. Abre com o velho e bom piano à Ginastera pra pegar o Hammond logo em seguida. Está tudo ali. Todos os maneirismos a que estamos acostumados e (falo por mim) estava saudoso. Várias citações a antigas músicas dão um toque de familiaridade à faixa. Cabe uma ressalva: as primeiras faixas são bem curtas e assemelham-se a uma suíte. Quando a voz de Bonilla aparece na quarta faixa, é como um momento pra respirarmos. Mas isso passa logo e o andamento acelerado da faixa seguinte nos lembra quem é o dono da banda.

Na capa interna, Emerson toca um piano em chamas bem ao estilo de Jerry Lee Lewis. O disco é cheio de excessos. Todos os excessos que sempre gostamos no KE. Muitos órgãos Hammonds, pianos, sintetizadores e... Marc Bonilla cantando e tocando guitarra. Ele é velho conhecido do KE, já tendo tocado no álbum Changing States de 1995 e está com a banda desde 2006 touring band, mas ele já tocou com Glenn Hughes no disco The Way It Is de 1999, onde também tocou teclados; com David Coverdale; com Kevin Gilbert e participou do álbum tributo ao Emerson, Lake & Palmer Encores, Legends & Paradox (do selo Magna Carta Records, 1999).

A voz de Bonilla está mais para John Wetton do que Greg Lake, o que não é nada mal. Não tem aqueles exageros do Lake (nos bons tempos) e dá conta muito bem do recado.

O disco é um prato cheio pra qualquer fã do Keith Emerson. Parece os bons tempos do EL&P e não tem uma única faixa daquelas que dá vontade de pular. O álbum soa íntegro. Mesmo as músicas compostas só pelo Bonilla estão bem enquadradas no som do Keith. Pra ser chato, a última Parting quase soa como dispensável, mas é salva pelas guitarras do próprio e pelo piano do Mr Keith Emerson.

O Keith Emerson Band é um quarteto formado pelos já citados acrescidos de Gregg Bissonette (que tocou com David Lee Roth, Joe Satriani, Santana e outros) e Bob Birch (músico de estúdio que tocou com Elton John), respectivamente bateria e baixo, mas que são substituídos em duas faixas por Travis Davis (baixista de Alice Cooper e de estúdio) e Joe Travers (baterista responsável por preservar as fitas e o trabalho de Frank Zappa). Ainda temos as participações especiais de Keith Wechtsler tocando “Jew’s harp” e Nathanial Bonilla (recorder) na última faixa.

A KEB ao vivo conta com os seguintes músicos: Keith Emerson, Marc Bonilla, Travis Davis e Tony Pia (bateria), não que isso faça muita diferença, porque o disco é excelente como está.

Ps1: quem visitar o site oficial do Keith Emerson, vai encontrar um disco chamado Boy’s Club com Keith Emerson, Glenn Hughes (vocais), Marc Bonilla (guitarra), Mike Wallace (guitarra), Bob Birch e Mick Mahan (baixos), Ed Roth (teclados) e Joe Travers (bateria). Com certeza algo que aguça a curiosidade.

Ps2: Bitches Crystal no YouTube: http://www.youtube.com/watch?v=j3uXQPeB9x8