quinta-feira, 19 de abril de 2007

Laalo Schifrin - Marquise de Sade

O título deste disco de 1966 é: THE DISSECTION AND RECONSTRUCTION OF MUSIC FROM THE PAST AS PERFORMED BY THE INMATES OF LALO SCHIFRIN’S DEMENTED ENSEMBLE AS A TRIBUTE TO THE MEMORY OF THE MARQUIS DE SADE.

O álbum foi idealizado e produzido por Creed Taylor, que pouco mais tarde fundaria a prestigiosa CTI, para a Verve e gravado por Van Gelder, famoso engenheiro da Blue Note. Lalo criou um clássico ao fazer sua “adaptação” da música européia pré-clássica. Como diz no encarte: “o difícil de um projeto desses é a aparente não relação entre as antigas tradições e o novo enfoque musical”. The Blues For Johann Sebastian é uma prova de como ele se saiu bem. Dedicado à memória do filho mais novo de J.S.Bach, J.Gottfried Bernhard (1715-1739), é “uma tentativa de expressar o dramático lirismo da escola Barroca no formato de 12 compassos do blues”. Renaissance é peça baseada na progressão harmônica característica do período. Flauta, piano e guitarra improvisam sobre o tema tocado inicialmente pelo alaúde. The Wig é bem interessante, ainda mais sabendo que Lalo estava tentando compor enquanto ouvia Count Basie, Ramsey Lewis e Rolling Stones. Ele diz que o resultado final é chocante, mas é muito mais que isso. Beneath A Weeping Willow Shade é a transcrição de uma música de um dos primeiros compositores americanos, Francis Hopkinson (1737-1791) e o solo de flauta poderia muito bem ter sido tocado por Ian Anderson do Jethro Tull, mas é de Jerome Richardson. Lalo novamente nos diz sobre essa faixa que “mudei a melodia e a letra com o propósito de expressar minhas impressões sobre o bigode da Mona Lisa”. Versailles Promenade abre com o ineditismo do cravo improvisando em uma gravação de jazz. Grady Tate (bateria) e Richard Davis (baixo) compõe com Lalo o trio jazz-clássico. Lalo comenta que essa música “parte do charme e da elegância do período rococó; não há dúvida que este tipo de música foi a verdadeira causa da Revolução Francesa”. Troubadour tem Grady Tate arrasando sutilmente enquanto Lalo improvisa e os metais acentuam certas passagens. O improviso da flauta cita descaradamente música mexicana, enquanto a tônica são os poetas-cantores do século 12 e a sua versão contemporânea (em 1966) - os músicos de jazz.

MARQUIS DE SADE “é em memória (do próprio), um dos fundadores da moderna psicologia ao lado de Aeschylus, Shakespeare e Freud”. Lalo também disse: “eu imagino que esse era o tipo de melodia que ele murmurava durante suas alucinações”. Destaque para as intervenções do sax tenor de Ernie Royal. O álbum fecha com Bossa Antique, baseada em uma figura grave do tipo usada por Carl Phillip Emmanuel Bach. “Estou quase certo que essa seria a forma como ele teria escrito essa peça se tivesse tido oportunidade de visitar o Brasil com seu amigo Johann Joachim Eshenburg”.

Exageros à parte, que não passam de uma brincadeira de Lalo para descrever sua música, é um álbum imperdível. Em tempo: Lalo Schifrin é o autor do tema de Missão Impossível.

4 comentários:

Anônimo disse...

bom!

BruU disse...

Fiquei muito feliz com essas informações sobre esse disco que considero Obra Prima. Assim cheguei a seu blog muito interessante,
Obrigada,Olivia

Fantasma disse...

Ah, eu ando louca atrás deste disco. Não sou muito boa em fuçar na internet, não me lembrava o nome do álbum (agora é álbum, né?), eu só consigo assobiar uma música, e não me esqueço que foi a primeira vez que li a palavra "beneath". Mas é a cara de minha adolescência ou pré-adolescência, também não sei mais classificar. Cheguei a seu blog, como será que chego ao disco?

Alex Saba disse...

Cara Fantasma

Você pode conseguir esse disco na Amazom ou encomendando em uma loja física de CDs aqui no Brasil. Entre em contato por email para que eu possa recomendar alguma loja conforme o estado em que vc more.
um abraço
Alex