quinta-feira, 19 de abril de 2007

Chick Corea - Secret Agent

Esse álbum do Chick Corea demorou muito pra aparecer em CD. Essa versão praticamente recria a glória do som original. Chick Corea é um artista com uma extensa discografia. Quase toda, diria que 99% de altíssima qualidade. Não entendia porque um disco tão bom estava esquecido. Mas finalmente resolveram lança-lo. É um disco bastante eclético, como o próprio Chick e um item obrigatório pra qualquer apreciador do tecladista. Como diz no site do artista, poucas pedras “estilísticas ficam no mesmo lugar”. Aqui ele destila tudo o que sabe de rock progressivo, fusion, “bombastic esoteric funk” e seu sempre presente enfoque não convencional para a música latina. Músicas clássicas dele como "Slinky", "Fickle Funk" and "Central Park" além de participações especialíssimas de músicos como Al Jarreau, nosso Airto Moreira, Bunny Brunel, Gayle Moran (esposa, exímia tecladista e cantora). O disco soa muito bem, principalmente em passagens repletas de instrumentação variada como é o caso de “Central Park”. “The Golden Dawn” é a grande faixa de abertura e não poderia começar melhor, introduzindo o ouvinte ao universo sonoro da viagem que se seguirá. “Mirage” e “Bagatelle #4” – esta de Bella Bartok – são os momentos mais tranqüilos do disco, mas não menos carregados de emoção, excelentes duetos de Chick com Jim Pugh (trombone na primeira) e Gayle (vocais/coro na segunda). “Glebe St.Blues” é um blues em tempo rápido com ótima participação do naipe de metais, integrado pelo já citado Jim Pugh, Ron Moss, Bob Zottola, Al Vizzuti e o saudoso Joe Farrel, acrescidos de um quarteto de cordas que somente Chick Corea seria capaz de encaixar magistralmente em um arranjo. A faixa com Al Jarreau (“Hot News Blues”) é um blues lento cheio de surpresas. “Drifiting” é uma excelente composição perfeita para mostrar toda a qualidade de Gayle como vocalista. O disco fecha com Central Park. Mais que uma música é uma celebração à diversidade. As intervenções do quarteto de cordas são magistrais e o “duelo” com o trumpete de Al Vizzuti nos leva a concluir que ali o instrumento foi novamente redefinido. As notas agudas que ele aos poucos vai buscando – e achando – criam uma tensão realmente indescritível. Outro grande destaque é para o baixo de Bunny Brunel, excelente músico da escola de Jaco Pastorius, mas que assim como o mestre, tem um timbre muito particular em seu instrumento. Lançado originalmente no Japão está disponível agora no site do artista a um preço bem mais acessível.

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