Eis um compositor que virou sucesso mundial, depois de percorrer o caminho da Fusion e do Rock Progressivo. Ele tem a fórmula para compor, escreve letras simples que o público gosta, apresenta-se como se estivesse tocando em um pequeno night-club, vende bem, faz grana e... Com tudo isso poderia continuar nisso, mas eis que inventou a THE PHIL COLLINS BIG BAND. Pra que? Porque? No encarte PC explica:
“Foi em 1966 quando ouvi BUDDY RICH SWINGING NEW BIG BAND. Todas as outras coisas que eu estava ouvindo nessa época tiveram que dar espaço a este maravilhoso ruído que eu tinha descoberto. Eu saí procurando por mais e descobri COUNT BASIE WITH SONNY PAYNE, HAROLD JONES AND JO JONES, DUKE ELLINGTON, e muitos mais. Eu decidi que um dia eu iria formar minha própria Big Band. Trinta anos depois eu consegui. Em 1996 excursionei com QUINCY JONES conduzindo e TONY BENNETT como nosso vocalista convidado, e minha banda! (...) Para mim é um prazer, estou de volta ao meu lugar, atrás da bateria, tocando música. Eu espero que ela mexa com você como faz comigo. Se fizer, venha nos ver algum dia”.
A faixa de abertura é SUSSUDIO uma daquelas coisas animadinhas com arranjos de metais que ele fazia e estremecia os fãs mais radicais do GENESIS. Ela abre com bateria e percussão dando o clima do que é uma Big Band liderada por um baterista. A seguinte é THAT’S ALL, irreconhecível na introdução. Na exposição do tema pelos metais, mais rápido que o original, é que se descobre qual é. Collins conduz no RIDE, em um estilo mais GENE KRUPA do que BUDDY RICH, mas sai-se bem.
INVISIBLE TOUCH foi completamente transformada pelo arranjo de SAMMY NESTICO e HOLD ON MY HEART começa lentamente com metais e baixo, prenunciando a lenta balada que está por vir. Segue-se CHIPS & SALSA, música do saxofonista GERAL ALBRIGHT arranjada por ele e HARRY KIM. Essa música desperta a platéia que acompanha com palmas. A sexta faixa é I DON’T CARE ANYMORE. A introdução é legal, mas o tema não funciona bem. A melodia é claramente para ser cantada.
A essa altura do disco surge MILESTONES do príncipe negro MILES DAVIS. AGAINST ALL ODDS é outra do band leader PC, seguida por PICK UP THE PIECES, com 12:09 de duração, que conta com a participação de convidados: JAMES CARTER (sax tenor) GEORGE DUKE (piano) e ARIF MARTIN (arranjador e maestro). Finalmente “is show time”. A orquestra SWINGA bastante, apesar de estranhamente o líder manter uma batida mais reta e menos quebrada, coisa que ele fazia bem tanto no BRAND-X quanto no GENESIS. Mas temos com o que nos divertir aqui e podemos deixa-lo de lado. A última é THE LOS ENDOS SUITE. Começa com um dueto de percussão e bateria. A entrada dos metais no tema, arranca aplausos da platéia. Intervenções latinas da orquestra fazem uma bela introdução para a mudança do clima, que começa com um belo rufo de PC e a repetição do tema pelos metais até tudo explodir no solo do fiel escudeiro: DARYL STUERMER (guitarra), também produtor desse disco e de muitos outros de PC. Sendo um músico experiente que já tocou com muita gente antes de se tornar “coringa” no GENESIS, seu solo é preciso. Não é um STEVE HACKET, mas funciona.
Achei ótimo Collins estar realmente atrás da bateria. Vale o conceito, o que o band leader é a cabeça da orquestra, mas isso não significa que tenha que solar em todas as músicas. Nisso esse disco é impecável.
Mas vamos à conclusão, já que eu preciso escrever uma, o que é sempre complicado quando se trata de um disco de FUSION. (?) “Como assim?” Você me pergunta. Veja só: o band leader é um cantor que foi baterista de grupos de rock e progressivo. Só isso já é fusion. Mas deixando a brincadeira de lado, se você gosta do PC, compre porque vai gostar apesar de não ter a voz dele. Se você é fã de big bands, esqueça. Tem muita coisa melhor por aí. Se você é fã do GENESIS, procure carregar seu iPOD com a LOS ENDOS SUITE que você estará bem.
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