Gonzalo é um músico surpreendente. O primeiro disco que ouvi dele foi THE BLESSING, com Charlie Haden (baixo acústico) e Jack DeJohnette (bateria), dois músicos experientes dando seu aval ao pianista. Mas a grande surpresa foi ouvir um Gonzalo diferente do que comentavam sobre ele. Não estavam ali os ritmos cubanos rápidos. Era algo especial, mais para o toque delicado de Bill Evans, só que absurdamente lento e muito, muito bom. Ele literalmente “destrói”, “desmonta” com incrível naturalidade todos os temas que toca. Sua versão para BESAME MUCHO é fantástica, mas não ela não deve ser mostrada aos apreciadores do bolero tradicional. Gonzalo não tem a menor piedade em transformar o conhecido tema, muitas vezes interpretado de uma forma até apelativa, em algo novo e praticamente irreconhecível.
Quando Gonzalo improvisa, não há muita certeza de para onde ele irá. Ele segue seu próprio caminho e podemos ouvi-lo em sua plenitude em IMAGINE (de Lennon) ou GIANT STEPS (de Coltrane). Geralmente surpreende, seja com sua técnica ou com seu refinado bom gosto para colocar as notas certas nos lugares certos, sem abandonar, suas origens.
Gonzalo é um virtuoso. Mas sem efeitos pirotécnicos. Ele é contido. Reprime sua técnica em favor da composição, como Thelonius Monk. “Eu fico especialmente impressionado com a habilidade de Gonzalo em tocar uma balada” - palavras de Jack DeJohnette. “Todos se concentram nos elementos rítmicos da música Cubana. Eu penso que os aspectos melódicos e líricos que estou trabalhando são componentes igualmente importantes da personalidade latina e devem ser conhecidos.” - palavras do próprio Gonzalo, bem de acordo com o que se ouve.
Rubalcaba, ou melhor, Gonzalo Júlio Gonzales Fonseca Rubalcaba, estudou no Conservatório Amadeo Roldan e no Instituto de Belas Artes, ambos em Cuba. Desde 1980 vem excursionando pelo mundo e sendo descoberto por gente como o saudoso Dizzy Gillespie (com quem gravou GILLESPIE/GB EN VIVO pela Engrem), Winton Marsalis e muitos outros.
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