sexta-feira, 14 de março de 2008

HAPPY THE MAN – The Muse Awakens

A banda HTM foi criada nos anos 70 em pleno furacão dos movimentos ART-ROCK, FUSION e progressivo. Ela tornou-se uma lenda mesmo com apenas dois discos lançados oficialmente porque dentre outras coisas, o tempo mostrou que sua música era mais do que um furacão passageiro ou um modismo. O site do grupo descreve sua música como além deste mundo. Não iria tão longe. Diria que a banda é sincera o suficiente pra fazer aquilo que gosta de modo convincente. “The Muse Awakens” é o álbum de retorno após longos 25 anos de ausência. Várias bandas retornaram nos últimos tempos mais como uma pálida sombra do que eram nos tempos de glória, mas não é isso o que se ouve nesse disco.

ladeado pelo baixo Rick Kennell, que pode nno nas armadilhas inaudteclado dobrando o a quase jazzui parece estar em casa. As composições são todas muito interessantes e a execução dos cinco integrantes, primorosa. “Contemporanity Insanity” que é abre o disco é uma excelente amostra da capacidade deles. Composta pelo tecladista David Rosenthal, não é de se estranhar que destaque os teclados. Com uma divisão interessante e tipicamente fusion, tem ótimos solos não só do compositor ao Moog, mas do guitarrista Stanley Whitaker. A faixa título, a segunda do disco, acalma um pouco as coisas. Composta por Whitaker tem a ótima presença do sax de Frank Wyatt expondo a melodia entremeada com toques do sintetizador de Rosenthal, levemente parecido com o trabalho de Lyle Mays no Pat Metheny Group. A música caminha em um suave crescendo que funciona pra banda mostrar como trabalha sua dinâmica.

“Stepping Through Time”, de Wyatt muda um pouco a sonoridade do grupo graças à flauta do compositor, mas logo o Moog reaparece com sua (hoje) majestade. Rosenthal consegue lembrar todos os tecladistas clássicos do progressivo sem se parecer com nenhum deles. Aqui a guitarra de Whitaker faz um dos melhores solos do disco. As divisões e andamentos se alternam como sugere o título, mas como seu (então) contemporâneo Gênesis, sem chamar atenção pra isso. Mesmo sem ser um dos integrantes originais da banda, Rosenthal tem largo espaço pra trabalhar. Não lhe falta experiência, já que trabalhou com artistas como Billy Joel, Robert Palmer, Rainbow e Steve Vai dentre outros, aqui parece estar em casa. Prova disso é a bonita “Maui Sunset”, onde ele deixa seus companheiros exporem o tema, primeiro a flauta depois uma guitarra quase jazzística, enquanto ele faz um belo acompanhamento ao piano e uma lindíssima cama de cordas. “Lunch at Psycodelicatessen” de Whitaker abre com uma figura rítmica na guitarra pra lá de desconcertante e prossegue assim por todo o tempo com o sax e teclado dobrando o tema e avançando cada vez mais até aproximar-se de um experimentalismo sem cair nas armadilhas inaudíveis do mesmo. Fecha com algumas surpresas, mas é melhor ouvindo do que lendo.

“Slipstream” é outro tema de Wyatt e abre com um belo piano ladeado pelo baixo Rick Kennell, que pode não se destacar como solista mas cuja presença garante uma cozinha de excelente qualidade junto com o outro novato além de Rosenthal, o baterista Joe Bergamini. "Barking Spiders" retorna ao clima mais fusion e mostra exatamente o entrosamento da cozinha com brakes e mudanças de andamento surpreendentes. "Adrift" é quase uma bossa-nova e retorna a banda a mais uma balada com Wyatt agora no sax tenor. "Shadowlites" é a única música cantada do disco e tem um toque progressivo típico das baladas dos anos 70. Whitaker não faz feio nos vocais, até porque ele sabe não ter a voz de um Greg Lake ou Jon Wetton. "Kindred Spirits" abre com o piano elétrico do autor, que vai aos poucos recebendo o acréscimo dos outros membros, mas é uma das músicas mais lineares do disco. Pra fechar, "Il Quinto Mare" retoma o entusiasmo da abertura e de "Barking Spiders", com toda a atmosfera progressiva que os fãs mais gostam.O ritmo bem marcado da bateria forte, a guitarra distorcida e a grandiloqüência (sem pejorativos, por favor) dos teclados, com Rosenthal fazendo mais um de seus ótimos solos com um timbre totalmente original. O disco é uma grata surpresa ao mostrar que "reunions" podem ser surpreendentes pelo talento e não pelo aspecto "circense" ou “geriátrico”. Álbum altamente recomendado não só a tecladistas, que podem apreciar o trabalho de Rosenthal sem mais ninguém à sua frente, mas também aos que gostam de boa música.

Nenhum comentário: