quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Michel Camilo - Rhapsody In Blue

A música de George Gershwin marcou minha infância nos filmes da Sessão da Tarde e só depois fui descobrir que junto com seu irmão Ira Gershwin seu legado era incrível. De todas as suas músicas Rhapsody In Blue é a que mais me gosto. Talvez pela clarineta que antecipa o tema já na abertura ou pelos inúmeros desenhos animados em que ela foi usada. A Disney em “Fantasia 2000” a utilizou e dessa vez com o sentido mais próximo da intenção do compositor. Ela foi encomendada por Paul Whiteman para um concerto com sua orquestra, mas quando foi executada pela primeira vez não estava pronta e isso sempre me intrigou, porque tendo sido tocada pelo próprio George ao piano, sempre fiquei imaginando o quanto de improvisação não ocorreu naquele momento. Rhapsody foi composta como “a América (do Norte) vista de dentro de um trem”. Com isso em mente, fica claro que a clarineta da abertura poderia ser o apito do trem avisando aos passageiros da saída da composição da estação e para nós ouvintes o início de uma composição do mais alto nível. Entretanto, as interpretações clássicas sempre foram muito presas, as jazzísticas tinham mais frescor, apesar de fugirem constantemente da parte escrita.

Quando soube que Michel Camilo havia gravado esta rapsódia com orquestra, fiquei mais do que curioso. Todos os seus discos são excelentes e seu vigor nas interpretações é fantástico. Demorei pra ouvir, mas a espera foi muito recompensada, pois o disco é excelente. Credito como sendo esta a melhor interpretação desta obra até hoje. Uma interpretação não se faz apenas com o solista. A Orquestra Sinfônica de Barcelona regida por Ernest Martinez Izquierdo está soberba. A orquestra pulsa, balança, swinga, junto com Michel. A respiração de todos os músicos dá um novo tom à obra. Não se trata de uma releitura. A partitura é seguida, mas os tempos são como os que imaginava terem sido quando o próprio Gershwin executou-a pela primeira vez. A locomotiva inicia com a clarineta e vai aos poucos aumentando sua velocidade, diminui em alguns pontos e retoma o caminho como um ser vivo. A orquestra parece exatamente isso, outro músico e não um conjunto de músicos. Parece só um ser.

Ao final da audição fica uma sensação de que perdemos alguma coisa, senão a convivência com a genialidade com Gershwin, o fato de não termos presenciado tão magnífico trabalho pessoalmente. Como em todo concerto espetacular só nos resta aplaudir de pé e pedir bis.

Um comentário:

JHayun disse...

Saba,

Não conheço muito dos trabalhos do Michel Camilo, mas o que conheci é de cair o queixo. Quanto vigor e entrega dele no piano !!!!
Este album deve ser realmente excelente. É correr atrás.

Abraços maceioenses.