A FORNADA PREMIADA DA PADARIA MARCONI
Deixando as correrias do lançamento do novo álbum, resolvi ressuscitar uma série de colunas dedicadas às minhas bandas favoritas e (por razões inexplicadas) jamais comentadas aqui. Mas nunca é tarde. Portanto aqui vamos nós com o som italiano do PREMIATA FORNERIA MARCONI.
PFM (para os íntimos) em uma tradução liberal seria o título lá de cima. Nos idos de 70, quando tínhamos pouca informação sobre nossos artistas favoritos, havia um boato de que a origem do nome era porque um padeiro fazia o pão enquanto tocava flauta. Era difícil imaginar isso, mas... éramos jovens... e ingênuos. Mas a padaria existe (ainda hoje) apesar de ter mudado de FORNERIA MARCONI para PASTICCERIA MARCONI e fica em CHIARI (na província de BESCIA – precisamente na Via Mazzini, 1, Tel. +39.30.711112), que vem a ser a cidade natal de um dos integrantes: MAURO PAGANI (flauta, violino e letras). Daí a origem do boato.
Comecei a ouvir PFM graças a meu primo Geraldo, que foi de férias aos EUA e voltou com “trocentos” LPs, prá desespero do pai, que pagou uma boa grana em excesso de bagagem. Mas valeu a pena, por que ficamos conhecendo o PFM. Não me lembro de porque ele comprou o PHOTOS OF GHOSTS (primeiro LP americano), mas sei que passado algum tempo ele me vendeu o disco prá comprar outro, mais do agrado dele. Não que ele não tenha gostado, mas o estilo dele era (e acho que ainda é) mais para VAN MORRISON, BAD FINGER, THE BAND, etc do que progressivo.
Comecei a ouvir PFM graças a meu primo Geraldo, que foi de férias aos EUA e voltou com “trocentos” LPs, prá desespero do pai, que pagou uma boa grana em excesso de bagagem. Mas valeu a pena, por que ficamos conhecendo o PFM. Não me lembro de porque ele comprou o PHOTOS OF GHOSTS (primeiro LP americano), mas sei que passado algum tempo ele me vendeu o disco prá comprar outro, mais do agrado dele. Não que ele não tenha gostado, mas o estilo dele era (e acho que ainda é) mais para VAN MORRISON, BAD FINGER, THE BAND, etc do que progressivo.
Em todo o caso, fiquei com o LP e daí prá frente (apesar da falta de grana) corria atrás de tudo o que eles lançavam. O som “quase” delicado do rock progressivo italiano, sempre me agradou. Também pudera, eles são especialistas em uma vertente do rock progressivo mais “camerística” ou barroca. A fusão da música clássica no rock italiano não tem a grandiloqüência do progressivo inglês, formando uma categoria à parte. Não tenho notícia de um grupo de heavy metal italiano, mas... tudo é possível.O PFM começou no final da década de 60, com uma banda que fazia COVERS de sucessos americanos (chamada I QUELLI) que fez, por exemplo, uma versão de "RAIN AND TEARS", do APHRODITE’S CHILD (banda grega do VANGELIS). O único LP deles, foi lançado no Brasil (em 1970) e em CD na Itália há poucos anos. A VINYL MAGIC (www.itimpresa.mi.it/vinylmgc/) possui alguns compactos (lembram disso?) usados para venda. São raros e caros.Para o áudio, escolhi uma música que teve também uma versão em Português. O título original é LA POPÈE QUI FAIT NON que na versão do QUELLI virou UNA BAMBOLINA CHE FA NO NO NO. Não lembro quem gravou isso por aqui, mas é coisa do tempo da Jovem Guarda (Oops!!). O copyright indica o ano de 1966, o que me leva aos meus oito anos de idade, mas isso deve ter sido regravado aqui em 1967 ou 1968. O que me fez pensar: não era só aqui que se faziam músicas bobinhas...
QUELLI era um quarteto integrado por FRANCO MUSSIDA (guitarra e vocal), FRANZ DI CIOCCIO (bateria), FLAVIO PREMOLI (teclados) e GIORGIO PIAZZA (baixo). Na capa, aparece um quinto integrante, mas não tenho indicação de quem seja. Na Itália (e no mundo) nessa época, o sucesso estava atrelado a versões e “a um vocalista rebolativo que chamasse a atenção das fãs” (palavras do DI CICCIO), mas o I QUELLI era uma exceção. Estavam preocupados com o conteúdo musical do que tocavam (e não tinham um vocalista rebolativo). Como resultado disso, freqüentavam muitos estúdios de gravação acompanhando cantores como LUCIO BATTISTI, MINA, CELENTANO e FABRIZIO DE ANDRE. Além disso, eram chamados também para fazerem as gravações das bases de outras bandas italianas, como EQUIPE 84, DIK DIK e CAMALEONTI.
Durante uma noite em um clube perto de BESCIA, um amigo de FRANZ falou de um músico que estava tocando flauta e violino mais para o rock do que o clássico. FRANZ interessou-se, mas não conseguia encontrar-se com MAURO PAGANI e conta que o contato telefônico entre eles foi assim: “Eu tenho cabelos longos, uma camisa branca e jeans velhos”, FRANZ perguntou: “Cabelo longo até os ombros, como Jesus Cristo?”. Apesar dessa ridícula conversa, na época usar cabelo longo era sinal de fazer parte da nova musica UNDERGROUND. Era o verão de 1969. Quando FRANZ o viu tocando no “I DALTON”, ficou claro que o queria tocando com eles. Continuavam fazendo as apresentações habituais, mas queriam mudar o repertório, o próprio gênero musical ao qual estavam presos e integrar MAURO na formação.
O som do grupo começou a mudar lentamente. As músicas foram se tornando cada vez menos dançantes a medida que os solos foram ficando maiores. Buscaram material nas “novas” bandas: CHICAGO, KING CRIMSON, JETHRO TULL, EXCEPSION e FLOCK, com mais espaço para arranjos, virtuosismo e improvisação.
Queriam uma completa separação do passado, do qual eram bem conhecidos, mas em um estilo completamente diferente. O nome tinha que ser bem diferente do que estava sendo usado na época, como nome de animais. Depois de uma manhã inteira imaginando hipóteses, saíram com dois nomes: ISOTTA FRASCHINI e FORNERIA MARCONI. A primeira uma marca de automóveis e a segunda A padaria. Mas a gravadora foi contra, dizendo que parecia mais o nome de uma fábrica do que de um grupo musical. Mas a idéia de uma fábrica com prestígio, parecia bons auspícios para alguém como eles que estavam acostumados a “fabricar” som para outros artistas. Quando optaram por FORNERIA MARCONI achavam que faltava algo. Um amigo e músico ALESSANDRO COLOMBINI, fez a sugestão de acrescentarem o PREMIATA, como forma de auto-gratificação e também de “certificar” a “qualidade” da “fábrica” (tudo com aspas mesmo). O nome ficou grande, mas a filosofia da banda era: “quanto mais difícil for lembrar o nome da banda, mais difícil será esquece-lo!”. (Virou moda nomes grandes de banda na Itália depois disso – Se alguém mencionar o LE ORME só prá me gozar, eu respondo com IL TRONO DEL MIRACULO, IL CAMPO DI MARTE e outros tantos que guardo “na manga”).
Aqui a discografia do I QUELLI
Via Con Il Vento/ Ora Piangi - Compacto Dischi Ricordi (DR) SRL 10-409 .
Una Bambolina Che Fa No No No / Non Ci Saro' (I can let go) – Compacto DR SRL 10-443
Per Vivere Insieme (Happy tougeter) / La Ragazza Ta Ta Ta – Compacto DR SRL 10-459
Tornare Banbino (Hole in my shoe) / Questa Citta Senza Te - Compacto DR SRL 10-479
Mi Sentivo Strano / Dettato al Capello – Compacto DR SRL 10-502
Lacrime E Pioggia(Rain and tears) / Nuvole Gialle – CompactoDR SRL 10-525
Dietro al Sole / Quattro Pazzi – Compacto DR SRL 10-590
Quelli - LP DR SMRP 9053 (Itália, jul. 69)
LP ??? (Brasil, l970)
LP DR ORL 8185 (Itália, feb 78)
CD DR OR 8185 (Itália, 9?)
Na próxima semana continuamos.
Valeu
T+
Bibliografia
FRANZ DI CICCIO – Encarte da caixa “10 Anni Alive”
Arthur Mantovani – Rock Progressivo
QUELLI era um quarteto integrado por FRANCO MUSSIDA (guitarra e vocal), FRANZ DI CIOCCIO (bateria), FLAVIO PREMOLI (teclados) e GIORGIO PIAZZA (baixo). Na capa, aparece um quinto integrante, mas não tenho indicação de quem seja. Na Itália (e no mundo) nessa época, o sucesso estava atrelado a versões e “a um vocalista rebolativo que chamasse a atenção das fãs” (palavras do DI CICCIO), mas o I QUELLI era uma exceção. Estavam preocupados com o conteúdo musical do que tocavam (e não tinham um vocalista rebolativo). Como resultado disso, freqüentavam muitos estúdios de gravação acompanhando cantores como LUCIO BATTISTI, MINA, CELENTANO e FABRIZIO DE ANDRE. Além disso, eram chamados também para fazerem as gravações das bases de outras bandas italianas, como EQUIPE 84, DIK DIK e CAMALEONTI.
Durante uma noite em um clube perto de BESCIA, um amigo de FRANZ falou de um músico que estava tocando flauta e violino mais para o rock do que o clássico. FRANZ interessou-se, mas não conseguia encontrar-se com MAURO PAGANI e conta que o contato telefônico entre eles foi assim: “Eu tenho cabelos longos, uma camisa branca e jeans velhos”, FRANZ perguntou: “Cabelo longo até os ombros, como Jesus Cristo?”. Apesar dessa ridícula conversa, na época usar cabelo longo era sinal de fazer parte da nova musica UNDERGROUND. Era o verão de 1969. Quando FRANZ o viu tocando no “I DALTON”, ficou claro que o queria tocando com eles. Continuavam fazendo as apresentações habituais, mas queriam mudar o repertório, o próprio gênero musical ao qual estavam presos e integrar MAURO na formação.
O som do grupo começou a mudar lentamente. As músicas foram se tornando cada vez menos dançantes a medida que os solos foram ficando maiores. Buscaram material nas “novas” bandas: CHICAGO, KING CRIMSON, JETHRO TULL, EXCEPSION e FLOCK, com mais espaço para arranjos, virtuosismo e improvisação.
Queriam uma completa separação do passado, do qual eram bem conhecidos, mas em um estilo completamente diferente. O nome tinha que ser bem diferente do que estava sendo usado na época, como nome de animais. Depois de uma manhã inteira imaginando hipóteses, saíram com dois nomes: ISOTTA FRASCHINI e FORNERIA MARCONI. A primeira uma marca de automóveis e a segunda A padaria. Mas a gravadora foi contra, dizendo que parecia mais o nome de uma fábrica do que de um grupo musical. Mas a idéia de uma fábrica com prestígio, parecia bons auspícios para alguém como eles que estavam acostumados a “fabricar” som para outros artistas. Quando optaram por FORNERIA MARCONI achavam que faltava algo. Um amigo e músico ALESSANDRO COLOMBINI, fez a sugestão de acrescentarem o PREMIATA, como forma de auto-gratificação e também de “certificar” a “qualidade” da “fábrica” (tudo com aspas mesmo). O nome ficou grande, mas a filosofia da banda era: “quanto mais difícil for lembrar o nome da banda, mais difícil será esquece-lo!”. (Virou moda nomes grandes de banda na Itália depois disso – Se alguém mencionar o LE ORME só prá me gozar, eu respondo com IL TRONO DEL MIRACULO, IL CAMPO DI MARTE e outros tantos que guardo “na manga”).
Aqui a discografia do I QUELLI
Via Con Il Vento/ Ora Piangi - Compacto Dischi Ricordi (DR) SRL 10-409 .
Una Bambolina Che Fa No No No / Non Ci Saro' (I can let go) – Compacto DR SRL 10-443
Per Vivere Insieme (Happy tougeter) / La Ragazza Ta Ta Ta – Compacto DR SRL 10-459
Tornare Banbino (Hole in my shoe) / Questa Citta Senza Te - Compacto DR SRL 10-479
Mi Sentivo Strano / Dettato al Capello – Compacto DR SRL 10-502
Lacrime E Pioggia(Rain and tears) / Nuvole Gialle – CompactoDR SRL 10-525
Dietro al Sole / Quattro Pazzi – Compacto DR SRL 10-590
Quelli - LP DR SMRP 9053 (Itália, jul. 69)
LP ??? (Brasil, l970)
LP DR ORL 8185 (Itália, feb 78)
CD DR OR 8185 (Itália, 9?)
Na próxima semana continuamos.
Valeu
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Bibliografia
FRANZ DI CICCIO – Encarte da caixa “10 Anni Alive”
Arthur Mantovani – Rock Progressivo
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