Eu prometi que iria escrever sobre esse disco, mas as coisas vão se enrolando e eu acabo deixando o blog meio de lado, mas vou tentar me corrigir, mesmo que não aprofunde muito no disco em si, o que importa é chamar a atenção para este tecladista frances há muitos anos vivendo nos EUA. Senhoras e senhores, com vocês Philippe Saisse. Como muita coisa pode ser lida no próprio site dele, vou direto ao ponto.
Em 1974 meu amigo Kallas me apresentou uma banda de jazz-rock (ou fusion, como queiram) chamada Return To Forever. Era a terceira encarnação da banda do tecladista Chick Corea sempre acompanhado do baixista Stanley Clarke, agora acompanhados pela bateria de Lenny White e a guitarra de Al Di Meola. Foi amor à primeira vista e tratei de ouvir tudo deles pra frente e pra trás, em grupo e em solo. Foi aí que descobri que o tecladista dos shows de Di Meola era essa tal de Saisse. Só fui ouvi-lo de verdade em Slendido Hotel, quando Di Meola gravou algumas faixas só com a banda de shows. Achei bacana, mas o que me marcou foi quando encontrei na finada loja Gramophone no centro do Rio, esse album aí de cima.
Era época dos LPs e como os atuais CDs, vinham lacrados. A diferença (ENORME) é que não se tinha a menor idéia do que se iria encontrar dentro do disco. Não havia Internet e a divulgação era no boca-a-boca, quando as bocas sabiam do que se tratava, o que não era o caso desse artista, um ilustre desconhecido para a maioria.
Comprei o LP e quando cheguei em casa, fiquei pasmo. Era bom gosto puro. Apesar de ser um disco do selo Windham Hill, não era (felizmente) um disco de new-age. Era apenas música, e das boas. Um piano sutil, discreto (e como disse) elegante, sintetizadores e um ou outro convidado, mas com um detalhe que me chamou a atenção: era gravado ao vivo. Eu ouvia e tentava entender. Como ao vivo? Tinha synth e piano ao mesmo tempo e Saisse era apenas um ser humano. Só que um ser humano acompanhado por um computador (ou vice versa).
Nesse momento eu tive o grande estalo, ou insight, como prefeririam os mais sofisticados. Era isso o que eu queria fazer, gravar um disco ao vivo com sequenciadores, um programa que permitia, de forma primitiva compadrando com hoje, gravar previamente certas partes e depois tocar junto enquanto gravava a matriz. Segui a idéia de Saisse e gravei Angel's Dream seguindo a idéia dele. Deu um trabalho medonho, porque não coloquei nenhuma edição nas partes de guitarra, que foram gravadas de uma vez só, sem picotes, recortes ou pausas. O resultado ficou aquém de Valerian, que é um disco que mantém-se atual 20 anos depois, mas era meu disco e feito do jeito que eu queria.
Mês passado encontrei com Saisse por aqui e contei sobre como a música dele havia me influenciado. Gentilmente ele aceitou ouvir o "filho" de Valerian. Como você que lê esse blog já ouviu com certeza Angel's Dream, eu o convido a ouvir Valerian. Só há um pequeno problema, na Amazon (EUA) o disco está pela bagatela de US$55 (sabe-se lá porque). Recomendo então uma busca na Amazon UK, onde ele pode ser encontrado por E10 (onde está o ímbolo do Euro?). Talvez algum site como CD Universe ou lojas de discos usados tenham uma cópia dele. Meu conselho é: agarre-a.
Só pra fechar: Saisse tocou com tanta gente (de Bowie a B52) que a lista ficaria grande e desinteressante, mas vale dar uma olhada no site dele (naquele link ali de cima) pra ver a importancia dele na música.
Bem, quebrado o jejum de escrita, espero retornar logo.
Forte Abraço
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