domingo, 29 de agosto de 2010

O Terço - Compacto Duplo

Por muitos anos esse compacto duplo esteve guardado entre as minhas coisas. Um monte de disquinhos da Guitar Player e da Keyboard. Sei lá porque fui pegar nisso. Talvez saudosismo ao ter descoberto os LPs do Burnier & Cartier, mas isso é mais antigo.

Eu olhava essa capa, o violoncelo elétrico, a guitarra de 3 braços (chamada por eles de triarra) e imaginava estar tocando com eles, ou ter um grupo como o deles, ou tocar Bach, ou tocar qualquer coisa. Eu já tocava violão, mas nada demais, só os sucessos da rádio, e olha que a rádio não era das melhores na época da Jovem Guarda. Foram esses discos que me fizeram pensar o que eu queria fazer com minha música, com a música que escutava dentro de mim.
Não vou falar nada sobre esse disco porque não há nada mesmo a ser dito. A capa diz tudo e a contracapa tem a relação das músicas. Esse é um daqueles discos que merecia sair em CD, porque ele contém não só o histórico de um grande grupo mas também porque as músicas são muito boas. Jorge Amiden estava muito inspirado e Sergio Hinds, talvez por estar à cargo do violoncelo elétrico, estava bastante comedido.

Vale a audição

sábado, 28 de agosto de 2010

Brazillian Connection (Burnier & Cartier)



É quase um resgaste. Encontrar esses discos do Burnier & Cartier, descobrir novos. Bem, não exatamente novos, mas descobrir esse album australiano do qual nunca tinha ouvido falar é muito interessante. É o Don Burrows e seu quinteto acompanhado pela dupla e mais um quarteto de cordas. Don Burrows é um músico auatraliano que flertou muito com a bossa nova e chegou a tocar com Luiz Bonfá, tio de Burnier. Não compreendo muito bem a motivação que o teria levado a chamar a dupla para shows na Austrália. Tocaram duas músicas dele, outras músicas do Bonfá e o repertório do segundo disco da dupla em sua maioria.

Lado A:
PROSSIGA
PAPAGAIO
DON JOÃO
SITIO AZUL
MANHA DE CARNAVAL
INSENSATEZ
AVENTURA ESPACIAL
LEMBRANDO ED KLEGER

Lado B:
FGC
PEDRA PINTADA
CLOUD
BARRANCO
LENDA DAS AMAZONAS
RECREIO
MACANTE
CHICOS BAR
ARTIMANHAS.

Um pouco mais sobre o duo Burnier & Cartier: formado pelos guitarristas, cantores e compositores Burnier (Luiz Octavio Burnier Bonfá) e Cartier (Claudio Cartier), os quais se encontraram em 1968 no Movimento Artístico Universitário (MAU), começaram a compor em parceria dois anos depois.

Em 1974, gravaram seu primeiro LP "Burnier & Cartier," lançado pela RCA.

Junto com Sônia Bonfá, criaram o trio vocal Papo de Anjo exclusivamente para as gravações da trilha da série "Sítio do Pica Pau Amarelo". (TV Globo).

Participaram do Festival Abertura (TV Globo) em 1975 com a música "Ficaram Nus" ficando em terceiro lugar e aparecendo no LP com todas as finalistas.

No ano seguinte foram contratados pela Oden por sugestão de Milton Nascimento ao diretor artístico Mariosinho Rocha, quando gravaram seu segundo LP.

Em 1977, os sdois músicos foram convidados por Don Burrows para fazerem alguns concertos na Australia, gravado ao vivo, gerou um álbum duplo "Brazilian connection", lançado pela Pie Records, com a participação de Don Burrows Quintet, do The Sidney Strings Quartet e George Golla. O disco foi lançado nos Estados Unidos com o título de "Brazilian parrots" (argh!).

Performers
Don Burrows (flutes, clarinet, and percussion) e The Brazilian Connection (Don Burrows Quintet; George Golla -guitar; Octavio Burnier, Claudio Cartier - vocals and guitars; Sydney String Quartet; atuando em várias combinações diferentes.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Burnier & Cartier


Pausa... Levei um bruta susto. Passou um mês inteiro desde a última postagem e não coloquei absolutamente nada aqui. Mas vou ter que dar um tempo nessa conversa pra falar de dois caras que foram bem importantes musicalmente pra mim. Vou aproveitar o que meu amigo Justin escreveu no blog dele e colocar aqui. Espero que gostem.

"Eu amo essa foto de volta. Esses artistas são realmente olhando para a notação musical em uma página. Como é refrescante!


Eu fiz novo upload deste album. Eu não posso deixar para trás este álbum surpreendente. Esta dupla fez apenas dois LP's juntos (tem outro ao vivo Justin), sendo este o primeiro. Mais uma vez os engenheiros da RCA estavam no auge da forma com a sua qualidade de gravação, mas eles realmente têm algo com o que trabalhar aqui. Vou mencionar que Octavio Burnier é sobrinho de Luiz Bonfá, como pode ser notado pelas composições com o tio e a dedicatória na contra capa. Esse LP é uma obra prima da pop Fusion. Este duo tem essa interação mágica. Ouça com atenção para o trabalho/jogo de contraponto. Extraído dos melhores momentos por volta do início dos anos 70. Um pouco "Chicago", um pouco "Nilson", um pouco "Seals & Croft", um pouco "Sim" e um pouco de "Crosby, Stills & Nash", para citar algumas das coisas que eu ouço. Deus abençoe os japoneses para a remasterização e reedição desta jóia. Para um prazer extra, rompa os fones de ouvido e relaxe e desfrute este passeio. Uma grande gravação! Cheia de brilho e rara fidelidade. A saturação de fita aqui é uma benção de Deus. Uma gravação incrível!"

Tá bom Justin, você foi meio exagerado... mas não muito. O disco é muito bom, mas bem distante do que costumamos ouvir por aqui. Por isso tantos elogios. Eu fui conhecer esse disco graças ao Justin, porque apesar de saber dele, só conhecia a capa e não tinha a menor idéia de como soava.

É Música Brasileira que apesar de Popular, não é aquela que vai tocar nas rádios tão cheias de Madonas e Lady Gaga's... RÁDIOS???? Onde eu estou, no século passado? Caramba, acho que ninguém aqui vai baixar esse album do iTunes, o que é uma pena, porque o álbum é ótimo.

Entretanto, eu tenho preferencia pelo segundo album dos caras, lançado em 1976. Tem mais violão, ou violões e é praticamente camerístico. Como assim? Bem, tem menos instrumentos, os violões aparecem mais, o tratamento (da produção) é mais cuidadoso e não tem exageros.
Entrei a vida adulta com essas músicas. Tinha 18 anos e "Minha Mãe Não Sabe de Mim" era quase que um hino. Queria tocar como o Burnier, ter a mesma destreza dele como instrumentista, o mesmo bom gosto nos arranjos e o mesmo som de guitarra.

Tentei buscar pelos buscadores da vida, onde andam esses caras, mas não consegui muita coisa além dos óbvios. Participaram do Song Book do João Bosco com o chato do Ed Mota (sorry Ed, fui sincero como você sabe que eu sou!) e quem quiser conferir pode ouvir aqui. O primeiro disco deles pode ser comprado novo lá na Amazon por módicos US$70 ou USADO por US$129.45. Estão brincando? Enquanto isso, tente comprar o mesmo CD nas Lojas Americanas. Sabe o que você encontra lá? É melhor esquecer isso.

ps: não sou de fazer isso, mas dá uma olhada nos comentários. Alguém colocou um link interessante lá.

domingo, 27 de junho de 2010

A Fornada Premiada da Padaria Marconi (1)

A FORNADA PREMIADA DA PADARIA MARCONI
Parte 1 - A Pré História

Deixando as correrias do lançamento do novo álbum, resolvi ressuscitar uma série de colunas dedicadas às minhas bandas favoritas e (por razões inexplicadas) jamais comentadas aqui. Mas nunca é tarde. Portanto aqui vamos nós com o som italiano do PREMIATA FORNERIA MARCONI.

PFM (para os íntimos) em uma tradução liberal seria o título lá de cima. Nos idos de 70, quando tínhamos pouca informação sobre nossos artistas favoritos, havia um boato de que a origem do nome era porque um padeiro fazia o pão enquanto tocava flauta. Era difícil imaginar isso, mas... éramos jovens... e ingênuos. Mas a padaria existe (ainda hoje) apesar de ter mudado de FORNERIA MARCONI para PASTICCERIA MARCONI e fica em CHIARI (na província de BESCIA – precisamente na Via Mazzini, 1, Tel. +39.30.711112), que vem a ser a cidade natal de um dos integrantes: MAURO PAGANI (flauta, violino e letras). Daí a origem do boato.
Comecei a ouvir PFM graças a meu primo Geraldo, que foi de férias aos EUA e voltou com “trocentos” LPs, prá desespero do pai, que pagou uma boa grana em excesso de bagagem. Mas valeu a pena, por que ficamos conhecendo o PFM. Não me lembro de porque ele comprou o PHOTOS OF GHOSTS (primeiro LP americano), mas sei que passado algum tempo ele me vendeu o disco prá comprar outro, mais do agrado dele. Não que ele não tenha gostado, mas o estilo dele era (e acho que ainda é) mais para VAN MORRISON, BAD FINGER, THE BAND, etc do que progressivo.

Em todo o caso, fiquei com o LP e daí prá frente (apesar da falta de grana) corria atrás de tudo o que eles lançavam. O som “quase” delicado do rock progressivo italiano, sempre me agradou. Também pudera, eles são especialistas em uma vertente do rock progressivo mais “camerística” ou barroca. A fusão da música clássica no rock italiano não tem a grandiloqüência do progressivo inglês, formando uma categoria à parte. Não tenho notícia de um grupo de heavy metal italiano, mas... tudo é possível.O PFM começou no final da década de 60, com uma banda que fazia COVERS de sucessos americanos (chamada I QUELLI) que fez, por exemplo, uma versão de "RAIN AND TEARS", do APHRODITE’S CHILD (banda grega do VANGELIS). O único LP deles, foi lançado no Brasil (em 1970) e em CD na Itália há poucos anos. A VINYL MAGIC (www.itimpresa.mi.it/vinylmgc/) possui alguns compactos (lembram disso?) usados para venda. São raros e caros.Para o áudio, escolhi uma música que teve também uma versão em Português. O título original é LA POPÈE QUI FAIT NON que na versão do QUELLI virou UNA BAMBOLINA CHE FA NO NO NO. Não lembro quem gravou isso por aqui, mas é coisa do tempo da Jovem Guarda (Oops!!). O copyright indica o ano de 1966, o que me leva aos meus oito anos de idade, mas isso deve ter sido regravado aqui em 1967 ou 1968. O que me fez pensar: não era só aqui que se faziam músicas bobinhas...
QUELLI era um quarteto integrado por FRANCO MUSSIDA (guitarra e vocal), FRANZ DI CIOCCIO (bateria), FLAVIO PREMOLI (teclados) e GIORGIO PIAZZA (baixo). Na capa, aparece um quinto integrante, mas não tenho indicação de quem seja. Na Itália (e no mundo) nessa época, o sucesso estava atrelado a versões e “a um vocalista rebolativo que chamasse a atenção das fãs” (palavras do DI CICCIO), mas o I QUELLI era uma exceção. Estavam preocupados com o conteúdo musical do que tocavam (e não tinham um vocalista rebolativo). Como resultado disso, freqüentavam muitos estúdios de gravação acompanhando cantores como LUCIO BATTISTI, MINA, CELENTANO e FABRIZIO DE ANDRE. Além disso, eram chamados também para fazerem as gravações das bases de outras bandas italianas, como EQUIPE 84, DIK DIK e CAMALEONTI.

Durante uma noite em um clube perto de BESCIA, um amigo de FRANZ falou de um músico que estava tocando flauta e violino mais para o rock do que o clássico. FRANZ interessou-se, mas não conseguia encontrar-se com MAURO PAGANI e conta que o contato telefônico entre eles foi assim: “Eu tenho cabelos longos, uma camisa branca e jeans velhos”, FRANZ perguntou: “Cabelo longo até os ombros, como Jesus Cristo?”. Apesar dessa ridícula conversa, na época usar cabelo longo era sinal de fazer parte da nova musica UNDERGROUND. Era o verão de 1969. Quando FRANZ o viu tocando no “I DALTON”, ficou claro que o queria tocando com eles. Continuavam fazendo as apresentações habituais, mas queriam mudar o repertório, o próprio gênero musical ao qual estavam presos e integrar MAURO na formação.

O som do grupo começou a mudar lentamente. As músicas foram se tornando cada vez menos dançantes a medida que os solos foram ficando maiores. Buscaram material nas “novas” bandas: CHICAGO, KING CRIMSON, JETHRO TULL, EXCEPSION e FLOCK, com mais espaço para arranjos, virtuosismo e improvisação.

Queriam uma completa separação do passado, do qual eram bem conhecidos, mas em um estilo completamente diferente. O nome tinha que ser bem diferente do que estava sendo usado na época, como nome de animais. Depois de uma manhã inteira imaginando hipóteses, saíram com dois nomes: ISOTTA FRASCHINI e FORNERIA MARCONI. A primeira uma marca de automóveis e a segunda A padaria. Mas a gravadora foi contra, dizendo que parecia mais o nome de uma fábrica do que de um grupo musical. Mas a idéia de uma fábrica com prestígio, parecia bons auspícios para alguém como eles que estavam acostumados a “fabricar” som para outros artistas. Quando optaram por FORNERIA MARCONI achavam que faltava algo. Um amigo e músico ALESSANDRO COLOMBINI, fez a sugestão de acrescentarem o PREMIATA, como forma de auto-gratificação e também de “certificar” a “qualidade” da “fábrica” (tudo com aspas mesmo). O nome ficou grande, mas a filosofia da banda era: “quanto mais difícil for lembrar o nome da banda, mais difícil será esquece-lo!”. (Virou moda nomes grandes de banda na Itália depois disso – Se alguém mencionar o LE ORME só prá me gozar, eu respondo com IL TRONO DEL MIRACULO, IL CAMPO DI MARTE e outros tantos que guardo “na manga”).

Aqui a discografia do I QUELLI
Via Con Il Vento/ Ora Piangi - Compacto Dischi Ricordi (DR) SRL 10-409 .
Una Bambolina Che Fa No No No / Non Ci Saro' (I can let go) – Compacto DR SRL 10-443
Per Vivere Insieme (Happy tougeter) / La Ragazza Ta Ta Ta – Compacto DR SRL 10-459
Tornare Banbino (Hole in my shoe) / Questa Citta Senza Te - Compacto DR SRL 10-479
Mi Sentivo Strano / Dettato al Capello – Compacto DR SRL 10-502
Lacrime E Pioggia(Rain and tears) / Nuvole Gialle – CompactoDR SRL 10-525
Dietro al Sole / Quattro Pazzi – Compacto DR SRL 10-590
Quelli - LP DR SMRP 9053 (Itália, jul. 69)
LP ??? (Brasil, l970)
LP DR ORL 8185 (Itália, feb 78)
CD DR OR 8185 (Itália, 9?)

Na próxima semana continuamos.
Valeu
T+

Bibliografia
FRANZ DI CICCIO – Encarte da caixa “10 Anni Alive”
Arthur Mantovani – Rock Progressivo