Chick Corea é um talentoso e prolixo músico. Sabe como poucos estar em vários estilos e formatos, praticamente sabe estar em vários lugares ao mesmo tempo. Não é surpresa que ele apareça compartilhando um disco com o banjoísta Bela Fleck, afinal Bela é que flerta com o Jazz desde seus primeiros discos com os Flecktones. Corea já tinha participado de um disco solo de Fleck, portanto parece mesmo algo natural. Talvez surpreendente mesmo seja o duo de piano e banjo.
Fleck é um excelente músico e sua discografia está aí pra provar, mas daí a se aventurar justamente com um ícone do jazz e do fusion como Corea é outra história. Ou não? Bem, o repertório divide-se entre composições dos dois músicos e uma surpresa. “Señorita” que abre o disco, mostra a integração e até semelhanças entre os dois músicos. O tema de Corea é mais uma de suas rendições aos ritmos latinos. As frases em uníssonos dos dois funcionam muito bem. “Spectacle” de Fleck, coloca o autor como coadjuvante, com Corea expondo o tema antes do improviso de Fleck, com algumas citações brasileiras já que o banjo em alguns momentos parece muito com o nosso cavaquinho, mas acho que apesar de haver um título brasileiro no repertório pode ter sido mera coincidência.
Em “Joban Dna Nopia” de Corea, ele começa no registro médio e grave do piano. A surpresa é de como Fleck vai conseguir encaixar seu limitado instrumento. Fica certa lacuna. Paco de Lucia se sairia melhor com seu violão, mas Fleck consegue, com seu virtuosismo, sair das ciladas que o banjo arma pra ele. Nos momentos em Corea sola, o banjo parece-se soar mais como um cravo. Curioso do instrumento é a pouca dinâmica, tal como o citado cravo. A saída é a velocidade da execução e a quantidade de notas que o músico deve executar. “Mountain” é um bluegrass típico de Fleck. Os papéis se invertem e a pergunta passa a ser como Corea irá incluir seu piano, mas sendo quem é, bastam as primeiras notas pra se perceber que não há caminho por onde ele não possa aventurar-se. Isso fica mais claro quando se houve a versão de “Childrem’s Song #6”, música que Corea já executou com sua banda Return To Forever, o vibrafonista Gary Burton e em piano solo. Inspirada por Béla Bártok, favorece um bonito contraponto entre os dois instrumentos e propicia que Fleck improvise melhor do que nunca. Esse é um daqueles inesgotáveis clássicos que todo compositor persegue.
Os temas “A Strange Romance”, “Menagerie” e “Waltse for Abby” mostram a versatilidade do compositor Bela Fleck. A primeira com inspiração clássica, a segunda com um toque latino e novamente certo sotaque brasileiro e a terceira definitivamente comprovando que ele pode muito mais do que o instrumento que escolheu. Um tema que poderia ter saído da mente de qualquer grande baladista jazzístico, ou mesmo do próprio Corea. Depois disso aparece “Brasil”, a surpresa que mencionei no início e que é a versão deles para a nossa “Aquarela do Brasil”. Não há indicação no encarte de quem teve a idéia de incluí-la no repertório, mas, com esses dois, tudo é possível. Infelizmente, aqui Fleck tropeça. Sua participação fica muito aquém do esperado. Sua primeira exposição da melodia é feita de forma simples e só quando a repete, deixa entrever o que poderia ter feito, mas não fez. A culpa não é dele, mas nossa, por termos excelentes músicos que já a interpretaram de maneira genial, como o mestre Jacob do Bandolim. Corea ao contrário deixa passar o que poderia ser esse tema em piano solo. Fica devendo. Na faixa título, Fleck dobra a melodia com Corea e o banjo soa um pouco como um bandolim, talvez resquícios da faixa anterior. Fleck faz um bom solo mas também fica devendo. Em “Sunset Road” Fleck apaga parte dessa dívida, por ter composto o tema, que é um bom veículo pra Corea. Mas qual não é? O improviso de Fleck quase empata o jogo. Suas escalas fogem do lugar comum, ainda mais em se tratando de um banjo.
Este não é um álbum pra qualquer um. Os fãs do Corea jazzístico ou fusion podem ficar frustrados, mas os que querem o desbravador que fez “The Leprechaun” e “Mad Hatter” saberão apreciar. Aos que querem conhecer do que Fleck é capaz, talvez a melhor indicação seja um dos seus discos com os Flecktones. Seja como for são dois instrumentistas de respeito em um encontro que se não tem o encantamento proposto pelo título, nos dá a certeza de que boa música pode vir dos mais inusitados encontros.
Fleck é um excelente músico e sua discografia está aí pra provar, mas daí a se aventurar justamente com um ícone do jazz e do fusion como Corea é outra história. Ou não? Bem, o repertório divide-se entre composições dos dois músicos e uma surpresa. “Señorita” que abre o disco, mostra a integração e até semelhanças entre os dois músicos. O tema de Corea é mais uma de suas rendições aos ritmos latinos. As frases em uníssonos dos dois funcionam muito bem. “Spectacle” de Fleck, coloca o autor como coadjuvante, com Corea expondo o tema antes do improviso de Fleck, com algumas citações brasileiras já que o banjo em alguns momentos parece muito com o nosso cavaquinho, mas acho que apesar de haver um título brasileiro no repertório pode ter sido mera coincidência.
Em “Joban Dna Nopia” de Corea, ele começa no registro médio e grave do piano. A surpresa é de como Fleck vai conseguir encaixar seu limitado instrumento. Fica certa lacuna. Paco de Lucia se sairia melhor com seu violão, mas Fleck consegue, com seu virtuosismo, sair das ciladas que o banjo arma pra ele. Nos momentos em Corea sola, o banjo parece-se soar mais como um cravo. Curioso do instrumento é a pouca dinâmica, tal como o citado cravo. A saída é a velocidade da execução e a quantidade de notas que o músico deve executar. “Mountain” é um bluegrass típico de Fleck. Os papéis se invertem e a pergunta passa a ser como Corea irá incluir seu piano, mas sendo quem é, bastam as primeiras notas pra se perceber que não há caminho por onde ele não possa aventurar-se. Isso fica mais claro quando se houve a versão de “Childrem’s Song #6”, música que Corea já executou com sua banda Return To Forever, o vibrafonista Gary Burton e em piano solo. Inspirada por Béla Bártok, favorece um bonito contraponto entre os dois instrumentos e propicia que Fleck improvise melhor do que nunca. Esse é um daqueles inesgotáveis clássicos que todo compositor persegue.
Os temas “A Strange Romance”, “Menagerie” e “Waltse for Abby” mostram a versatilidade do compositor Bela Fleck. A primeira com inspiração clássica, a segunda com um toque latino e novamente certo sotaque brasileiro e a terceira definitivamente comprovando que ele pode muito mais do que o instrumento que escolheu. Um tema que poderia ter saído da mente de qualquer grande baladista jazzístico, ou mesmo do próprio Corea. Depois disso aparece “Brasil”, a surpresa que mencionei no início e que é a versão deles para a nossa “Aquarela do Brasil”. Não há indicação no encarte de quem teve a idéia de incluí-la no repertório, mas, com esses dois, tudo é possível. Infelizmente, aqui Fleck tropeça. Sua participação fica muito aquém do esperado. Sua primeira exposição da melodia é feita de forma simples e só quando a repete, deixa entrever o que poderia ter feito, mas não fez. A culpa não é dele, mas nossa, por termos excelentes músicos que já a interpretaram de maneira genial, como o mestre Jacob do Bandolim. Corea ao contrário deixa passar o que poderia ser esse tema em piano solo. Fica devendo. Na faixa título, Fleck dobra a melodia com Corea e o banjo soa um pouco como um bandolim, talvez resquícios da faixa anterior. Fleck faz um bom solo mas também fica devendo. Em “Sunset Road” Fleck apaga parte dessa dívida, por ter composto o tema, que é um bom veículo pra Corea. Mas qual não é? O improviso de Fleck quase empata o jogo. Suas escalas fogem do lugar comum, ainda mais em se tratando de um banjo.
Este não é um álbum pra qualquer um. Os fãs do Corea jazzístico ou fusion podem ficar frustrados, mas os que querem o desbravador que fez “The Leprechaun” e “Mad Hatter” saberão apreciar. Aos que querem conhecer do que Fleck é capaz, talvez a melhor indicação seja um dos seus discos com os Flecktones. Seja como for são dois instrumentistas de respeito em um encontro que se não tem o encantamento proposto pelo título, nos dá a certeza de que boa música pode vir dos mais inusitados encontros.
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